Ocupação

Como aquele que arde em vala
Seu vazio preenchido a bala
Pelo caixão fechada

Um corpo de enchimento em pano
Em sua flacidez sem dano
Com um botão,juntas cantamos

Na superfície a massa
Em seu recheio com passas
Por fim a camada amassa

A linha da lacuna
Não sabe se é fila ou coluna
Misteriosa como as runas

Em brancos preenchimentos
Vazios em lentes de aumento
Retrato do momento

Deborah MM

Posso

Posso repintar as paredes,

ou trocar a rede
mudar os móveis de lugar

Conseguiu visualizar?
Eu não posso mais
Nada de olhar para trás.

Deborah MM

Porto

As mãos que gritam
Os pensamentos que imaginam
A palavra que profere amor
e a minha face se converte em dor
Velada e muda
O silêncio a minha alma procura
A felicidade de ver sorrir
e mais uma vez te assistir partir.

Deborah MM

Passos

Passos pequenos e apressados
como formiguinhas
Inquietos e inconstantes com suas anteninhas

Caminhando com a agonia de chegar
Aprendendo o passo de dar as mãos para conhecer e questionar

A cada passo um desafio ,soluções sempre a mil

Até que o território fosse mapeado e definido
É necessário um novo passo, rumo ao desconhecido
Passos largos e crescidos

Criem quando faltar chão
Se não souberem para onde vão
Lembrem-se do nosso bom e velho passo de dar as mãos
Assim as dúvidas se acalmarão

Passemos o melhor de todos nós com carinho e que cada um  carregue consigo um pouquinho

Se precisarem de mais, dêem um passo e podem vir
Passem que nós estaremos sempre aqui.

Deborah MM

*Para os meus alunos da turma de 2018, cada rima e cada verso são de vocês.

Caio,caio

Ando e caio, ando e caio, ando e caio
Caio, Caio,Caio,Caio
Caiu,caiu,caiu,caiu,caiu
E só descobriram em maio
Com Caio ando,ando e caio
Caio caiu,caiu Caio
- Saí do chão menino!
Deborah MM

Fatia

Sinto e confesso...
Assim mesmo, sem rodeios
e humildemente peço,
um modo inteiro de ser meio
ou um meio sem fim
como este verso,
que foi e veio
no momento pedaço de mim.

Deborah MM

Nossa

Agradável e gentil
Estonteante e expressiva
Altruísta e humana
Deslumbrante e extraordinária
Pequena,média ou grande
Sussurrada ou gritada
Com amor ou espinhos
Direta ou difícil
Sinônimos ou antônimos
Opressora ou livre
Verdadeira ou mentirosa
Palavra dita que é nossa.

Deborah MM

Memória

Um sentir pulsante
Um sorriso contagiante
Uma lágrima cortante
Uma feição blasé constante
Memória... Memória de elefante.

Deborah MM

Verde Espera

Ao descansar em verde campo
das ilusões é o recanto,
ao raiar do dia no entanto
foi possível ouvir o coro agoniado do pranto,
mesmo quando a abóbada celeste se fez manto
restavam pingos de luz por todo canto,
uma corrente e tanto
fez tremular em um balanço,
foi possível ouvir o soluço ordenado de seu canto
em seu progressivo desengano,
a caixa aberta em pano
aguardava o regresso dos males em alguns anos.

Deborah MM

É preciso arrancar alegria ao futuro

Entre fogos e gritos
Acordei para um pesadelo mito
Aos meus queridos
O meu amor reafirmo
No solo amado
Me deito,beijo e abraço
Ao raiar do dia
O coração realizará sua cantoria
Peito aberto eis o meu superpoder
Lutar,lutar,lutar independente de quem irá vencer
A roda vai girar
E a história de um tempo contará
As vozes de muitos a resistir
Para que um dia o futuro possa sorrir.

Deborah MM

Migração

Com o dorso marrom avermelhado,
asas definem é um pássaro,
vive em vegetação esparsa,
em campos abertos faz caminhada,
que como prova de amor em ato,
constrói seu ninho de barro
No conforto do lar,
estão sempre juntos a cantar,
a simplicidade de ser e existir,
na vida como um riu a fluir,
cuidadoso ao escolher
aquele complementar de seu ser
Quem já o viu no mato?
Em um dia comum ou até mesmo feriado,
sempre contemplando a natureza: João de barro.

Deborah MM

Aquele Professor

Aquele que ama e com amor faz crescer
Aquele que caminha na corda bamba,conduzindo tantos para vencer
Aquele que muito planta, sem a certeza do que irá colher
Aquele que a alma proclama, professor escolhi ser!

Deborah MM

Feliz Dia dos Professores!

Atrás das letras

Dentro por horas,
plumas em cordas,
doce desaguar,
delicioso caminho ao mar,
deleite aplaudido
e entre sussurros no ouvido,
um campo magnético,
em essência dialético.

Deborah MM

Sujeito Indeterminado

Gal anunciava sem ser pelas costas,
em bom som,que recebia propostas,
um bálsamo benigno e fatal,
embebido em meu bem e meu mal,
um aroma inebriante anunciado,
digno de exaltado,
alucinógeno fino,real
e como a água natural,
a comprovação do sentir
e de não existir,
concomitantemente,junto e misturado em sua redundância pleosmática,
demonstrada mais simplesmente,na prática

Entre sonoros e ritmados ruídos,
a melodia se concebe e dá indícios:
da conjugação do presente no infinitivo,
em um universo indefinido
a romper proposições
e afirmar admirações,
em uma revolução pacífica,
para ser livre como a poesia,
narradora e autora da história,
que gravará na memória,
o delicioso e contagiante efeito,
da essência no sujeito.

Deborah MM

Revolução Industrial

A ilusão de maquinar,
na pretensão de com engrenagens amar,
o motor nunca irá funcionar,
teimosia acreditar no que não há,
o sol e a lua vão mudar
e a verdade em ferro mostrará,
que no papel ela nasceu e morrerá.

Deborah MM

Plantio e colheita

Despertar e proferir bom dia,
o calor do olhar a fitar,
a leveza de amar,
a simplicidade de ser e estar,
estado de graça constante e profundo,
no meu filho minha contribuição para o mundo.

Deborah MM

Expulsos do paraíso

Ao longe a melodia do prazer,
o aroma de você,
na lembrança o nascente a escorrer,
como uma dança na tv,
os corpos se perdem,
como se estivessem no jardim do Éden,
degustando o fruto proibido,
sobre o olhar de um Deus ofendido,
que os aguarda para o dia do juízo,
depois de expulsá-los do abrigo,
na memória recortes a foice,
nas recordações daquela noite.

Deborah MM

Pelo fim das flores

Borboletas entre olhares,em teus olhares...

Para onde vão? Vai dizer que não sabe não?

Admirar o eclipse, dar uma volta no lugar que não existe,

Como é essa febre? Pétalas nos ouvidos ao que tu pedes

O poeta Vinicius a dizia estúpida...Não a rosa de Hiroshima! Éis a minha súplica

Para que tanta radiotividade? Amargar a flor da idade...

Em toda a sua extensão uma flor, é a lis do peito de Lispector

Outra noite choraram de A a Z, todos os que amam você

Não as flores a florescer! Não a fantasia sem se perceber!

Olhares livres para ver! 

DeborahMM

Filosofia

O caminho é feito no escuro,decorrido um minuto,
o impacto de um cair , que se propaga em um solo a sacudir,
calor e temperatura se preservam, o instante se repete como um rótulo de conserva,
ao abrir o pote,um aroma inebriante maquia o cansaço com o abrir do frasco,
a alteração se esvai em segundos, no débito constante de um caminho sem fundos,
o aconchego aliviado de se guardar e aguardar ao lado,
no momento ilustre o tempo faz um ajuste,
patrocina a iluminação da sina,
o caminho outrora no escuro é no claro agora,se ilude quem espera melhora,
a meia-luz a fascinação abraça a sensatez,é dialógico e não lógico,
em meio a suspiros lânguidos, o resultado inconclusivo
Cadê sensatez?Aonde foi fascinação? Resta apenas a pequena filosofia a me dar a mão.

Deborah MM

Música

Em um dia impreciso,
tu falarás preciso
e sem me questionar,
tu proferirás depois de um gole no bar,
uma reflexão sem sentido
e depois de tanto tempo vivido,perdido
um sorriso cúmplice entre a gente
e se houvesse música ambiente, ela diria : Sempre.

DeborahMM

Rotina

Entre luzes sem sentido,
sons estridentes invadindo o ouvido...
As vistas fecham ou se abrem ?
Nesse momento por todo o ambiente
o bálsamo que me fez doente, dormente, demente...
um murmúrio e os lábios foram contentes,
Não houve silêncio,mas o tempo descansou em paz
e foi possível ser capaz,
sem refletir ou resistir
e como um  rio a fluir,
depois do nascente se ver diluir
até praticamente sucumbir
adormecer em fluxo, em trânsito,
e após este percurso tântrico
fechar ou abrir as janelas com ânimo,
gratidão pelo instante epifânico,
a simplicidade que aparecia
a infinita idiossincrasia.

Deborah MM

Notícias

Boas notícias!!!!

Para quem acompanha o blog,quero informar que estarei presente na bienal do livro de SP deste ano para o lançamento de um livro que terá uma poesia do blog. Trata-se da antologia Palavreiras com contos e poesias da Editora Autografia. Para adquirir basta acessar o link a seguir: www.autografia.com.br/loja/palavreiras/detalhes

Ainda neste ano, será lançado pela Editora Rico o livro : Meu lado serial killer, que contará com um conto de suspense também de minha autoria. Entrevista disponível no link a seguir:  http://www.arcaliteraria.com.br/debora-mm/


Deborah MM

Melodia de vento

A brisa leve em tempo,
um breve instante de alento,
a tua eterna melodia de vento,
que aos sussurros  segue dizendo,
éis me aqui : dentro,
em mim vivendo
e como a planta na chuva florescendo
morrendo
se despedaçando ao vento.

Deborah MM

Entre o sol e a lua

Vim no crepúsculo a tempo de te despertar,
rasante com a terra negra afim de pousar,
em minha tez o orvalho fino,
que me fez cometer o desatino,
de invadir o teu templo de serenidade,
relembrando a tua prisão em liberdade,
nascer e morrer para sempre todos os dias,
com espectadores a assistir tua agonia,
sem se questionarem até quando haverá teu brilho,
do sistema que gira tu és pai e filho,
a cada cento e setenta e três "X",
tu estás diante dela e sorri,
no entanto concede-nos teu calor,
na esperança de não se tornar todo torpor
e quando outras ilumina,
lembra-te das fases da sua menina
e nessa solidão que lhe é abrigo
permanece em seu universo infinito.

DeborahMM

Ela

Saiu ao raiar do dia,
cedo iniciou sua melodia,
o destino mudou sua poesia,
seguiu para outra vida

Trilhando um caminho diferente,
sob a luz do sol nascente,
escolhendo e se sentindo mais gente,
antes do descer do sol poente

Caminhe,viaje... É você quem gere!
Ao som dos pássaros ou  no balancb do reggae
Escute o que ela de dentro pede
e siga sempre leve.

Deborah MM

Interessante

É estranho! Muito estranho!...

O que é do outro, é do outro...

As vezes a derrota não traz ganho... 

Ouvidos moucos...

Quem diria? Em um breve momento epifânico...

Amar pode ser pouco,

sempre estar sujo dentro e fora do banho

para depois apenas ficar louco,

indiferente ao menino e ao homem em tamanho

seguindo a fantasia do “botânico”.

DeborahMM

Lupa

Ao contemplar o horizonte, silêncio,
uma calmaria leve de sentir ao vento o cio,
No entanto, enclausurada uma rosa não se abriu

Não foi obrigada,
No entanto, ninguém sabia de nada
Porquê? O que ela guardava?

Ela sorria e chorava a todo momento,
não havia mais tempo,
estranhamente isto lhe era alento

Eis o cárcere enigmático,
Lágrimas sofridas de uma atmosfera simpática e
Sorrisos apáticos.

DeborahMM

Silêncio

A respiração pausada e breve,
acompanhada de um olhar atento,
e um pensamento que pede,
o tremor, o balanço de vento,
com as mãos espalmadas como quem mede,
sem irromper a solidão do silêncio.

DeborahMM

Cometa

Como um cometa,
a percorrer o céu,
talvez eu cometa,
o sacrilégio de jogar ao lèu,
não como está,
mas ainda assim o meu e o seu  papel,
depois,nem venha me perguntar,
o que houve com a doçura do mel,
ou apenas comentar,
e sem capa e sem véu,
olhando para a meta, cometa, cometa, cometa
assim um cometa dá a Terra um chapéu,
olhando e perguntando como está?!

DeborahMM

É tempo

É tempo de ser semente,
quando se é guardado e protegido,
posterior ao amor nascido.

É tempo de ser planta,
quando você levanta,
assumindo que não é mais criança.

É tempo de ser pólen,
quando se está forte,
seguindo, assim,  para um lugar diferente do norte.

É tempo de ser árvore,
quando permanecer é liberdade,
independentemente da idade.

É tempo de ter tempo,
esse é o seu momento,
siga escolhendo e sabendo.

É tempo... É sempre tempo.


Deborah MM

A pedra e o vento

Tu me abracas-te todos os dias
Cantas-te em meus ouvidos
Abris-te caminho na areia
E assim como o sol
Tu se pôs
E amanheces-te levando as gaivotas do norte para o sul
Sob as ondas e o sol
Despedaço-me  pelo mar
Alguns grãos outro vento irá levar
Outros irão ficar
Não em mim, não no vento
Mas neste lugar do tempo
Em que o frio cortou a dureza
E foi possível sonhar
Em desafiar a natureza
Que deu ao vento o céu
Talento para ser leve como véu
E concedeu a pedra raizes
Sua cruz, seu porto e cicatriz
Pois nem todo final é feliz.

Deborah MM

Fórmula da vida

Quando feita a ferida,
achamos que sempre irá doer e sangrar,
não imaginamos que um dia,um dia
ela irá estancar e deixaremos para lá,
teremos a marca antiga,
mas seguiremos o fluxo como ondas no mar,
talvez ela se torne uma grande amiga,
que acompanhe para cá e para lá,
não escondida, apenas contida

E quando o tempo for já,
ela será a tua lembrança querida,
do melhor e do pior de caminhar,
permanecendo erguida,
esse é o sol a brilhar,
a fórmula da vida.

Deborah MM

Fim

Não há certeza maior,
que gostar do que não se sabe, na esperança do melhor,
desejando os prós

Sonhar de olhos abertos com o que não é,
como alguém de fé,
que aceita de olhos fechados como José

Não acordo e não durmo,
limbo, nirvana mudo,
todo dia e com tudo

 Até badalarem as buzinas,
sem ser bazinga,
acorda menina!

Deborah MM

Era uma vez...

História para contar
Quem poderia imaginar?
Que tudo que foi dito e vivido
Seria pelo tempo guardado e perdido

Deborah MM

Aparentemente

As pessoas não são o que aparentam para você
Elas são o que são
E não o que você vê.

Deborah MM

Estações

Eu deixarei florescer,
a falta que me faz você.
Queimarei sob o sol
e pela frieza da lua só.
E ao cair de minhas lágrimas
liberto-te para que sejas amada.
Para sempre e sempre o ser,
No planeta das estações chamadas você.

Deborah MM

Para não dizer ou...

Você veio silencioso e acarinhou
Em pouco tempo , se revelou ator
Você investigou e controlou
E  me convenceu a chamar isso de amor
Muito durou,mas enfim acabou
Esse ciclo de dor
Hoje o sol vai se por
E vai nascer em amarelo amor
E eu vou chamá-lo de doutor
Pois as minhas feridas ele fechou
Me deixei curar como uma flor
Depois do inverno, inferno, desabrochou.

DeborahMM

Ponto e Vírgula

Eu nem te conto...
Tu sabias que li um conto?
Ele falava de uma conta...
Nós entendemos ao final do conto
Vós não sabíeis tirar a conta
Eles perdiam a conta no conto, trocando a vírgula pelo ponto.

Deborah MM

É

É duro para quem dá
É perigoso para quem recebe
É solitário amar
É difícil negar amor a quem o mede
É a sina circular
É quem ama e nada pede

DeborahMM

Mão dupla

Na contramão, um caminhão
Dizendo no caminho : Não!
Seguindo a mesma direção
Com emoção e temor
E o soprar do vento em seu torpor
Qual o contrário do amor?

Deborah MM

Voo

Eu deixo os extratos bancários
Eu levo as lembranças do que é diário
Eu deixo as roupas arrumadas
Eu levo as lembranças  renovadas
Eu deixo o celular e as palavras futuras
Eu levo o que disse e ouvi em palavras mudas
Eu deixo as obrigações e títulos
Eu levo os momentos felizes vividos
Eu deixo todo o amor por mim sentido
Eu levo amor, família, paixão e amigo
Eu deixo o que não me serve
Eu levo apenas o que me faz sentir leve
Eu deixo a minha carne vermelha e fria
Eu levo o espírito que talvez volte um dia
Eu deixo... O meu tchau
Eu levo minha história toda até o final
Eu deixo.... Eu levo... Eu vou ... Eu voo.

Deborah MM

O silêncio

A calmaria de poucas ondas quebrando,
a monotonia de corpos espreguiçando,
o caos de cabeça pensando,
a poesia de estar vivendo e amando.

Deborah MM

Musa a Medusa?

Medusa
Seu "medu" a usa
Deusa em duas
Musa e Medusa
Da mesa um Deus U.S.A a Musa
Sua é a Medusa
Sua é a Musa
Ame Medusa
Me ame Musa!

DeborahMM

O

Entre queima e corte, feito mato
Assim foram cinzas pelo pasto
Restaram alguns cacos
No inteiro incompleto, traços
E alguns vazios espaços
Aguardando os novos pedaços
Partes de outros passos
Para caminharem juntos, lado a lado.

Deborah MM

Mudança de currículo

Quando crianças brincávamos juntos,
no entanto,havia uma diferenciação em todo o mundo,
com o arrancar da páginas numeradas,
as curvas se tornavam acentuadas,
um pedaço de picanha no espeto a girar,
enquanto todos querem se aproximar e provar,
me camuflei acuada e tremula,
aprendi a temer desde pequena,
enquanto outros aprendiam português e matemática,
com a sociedade se aprende na prática,
uni vós irmãs , abandonem os abrigos
vamos ovacionar mudanças de currículo.

Deborah MM

...

Quando ...

Se ...

Talvez ...

Agora.

DeborahMM

O surdo

Os trovejantes e constantes sons,
ao longe parecem festejos
Na raiz das badaladas,
Não mais ouço
Este é o início e fim do moço
Surdo de trovoadas
Ouvido absoluto
Em murmúrios, em notas si.

Deborah MM

A Casa

Ela não era engraçada com paredes tortas,
goteiras no teto sem conserto e sem cotas,
um piso frio de cimento,
no seu interior uma lei,um mandamento
se precisar entre,
se quiser visitar fico contente,
ao ir embora marque a volta,
para termos mais uma prosa,
quando bonita eu ficar,
não esquecerei de lhe convidar para comemorar,
mas até lá eu vou sorrir,
sem mentir ,nem fingir,
o que me faz pobre me traz uma riqueza,
estar de braços abertos a toda beleza.

Deborah MM

Brasileirês

Pense num balaio de gato!!!

Oh enxame!

Nessas estradas do Brasil, encontro de tudo

É um povo dando pitaco, os lindeiros em rodinha na calçada

Mamãe me dizia logo nessas horas 

Umborimbora? Beira de calçada é fria!

Que saudade! 

Quando batia a larica...

Ela me fazia um feijão para engrossar os cambitos

Pena que o feijão nunca deu conta...

Quebrado que sou, nunca fui marombado 

Meu exercício de guri era andar de camela

Aquela que chamam magrela, bicicleta até a bodega

Eu era gaiato...

Não podia ter uma olada,brecha,chance de comer din-din

Tem quem chame de geladinho,sacolé e por aí vai...

Hoje eu gosto mesmo é do fuzuê da estrada

Daqui pra alí arrudiando o Brasil

Quando paro um pouco jogo aquele racha,

Tem canto que chama de pelada e tem até uns caras que jogam travinha

A gente aprende assim vendo, ouvindo e indo

E sob o sol e a chuva dura

Macapá, Porto Alegre, Rio Branco e Fortaleza

Hoje estou em Brasília

Quero olhar os dotô falando bonito

Que eu pouco aprendi na escola o português

Mas na estrada todo dia sou professor de brasileirês.

Deborah MM

Lugar sem fim

Quem copia? Quem cria?
Quem fez o molde? Quem fez o primeiro pote?

Será que quem é relevante?

Para que potes e moldes?
Será que o barro queria ser vaso?
Quem criou ou copiou teria um plano?
De confiar e guardar evitando dano
Colocando em potes de moldes o que lembramos

Há quem prefira carregar consigo...
Sem barro, moldes e potes
Em um lugar original e antigo
Nas lembranças, recanto do infinito.

DeborahMM

Quando eu...

Quando eu era plástico antigo...
Eu queria sempre possuir diversos formatos
Quando eu fui vidro fundido...
Me despedacei,muitos pedaços abandonados
Quando eu fui pó em cantos perdidos...
Uni o chão,o pó e o ar para assim ficarmos bem guardados
Quando eu fui pedra fortalecendo o abrigo
Mudaram meus hábitos e cuidados
Quando eu me vi como diamante rico
Me entendi paupérrimo... Eu diamante assassinei o plástico.

Deborah MM

Adversativa

Tu apareces furtiva,
com aquele olhar de amiga
Por dentro eu até sabia,
mas tardei em entender um dia
Sina incoerente e maldita,
brilhar e berrar perdida
Como uma criança deprimida,
que tudo tem e tudo despreza mordida
Sejamos racionais e objetivas,
suas vontades são adversativas.

DeborahMM

Fração de segundos

O que dizer?
Não sei como é ou seria para você...
Mas me resguardo na palavra muda e bendita
Me cubro de um silêncio que grita
Regada por um dizer que transpira
E pelos poros exala o aroma de energia
Comentários recheados e em branco
Todas as linhas resumidas em um tanto
Essa é a razão de rodar,rodar e rodar
Ir e vir sem sair do lugar
E por fim perceber e definir
Que nada mais se deve fazer, além de sorrir.

Deborah MM

Elas por elas

Ela lateja e geme no breu
Elas latejam e gemem sob uma luz
Elas se encaixam e gritam
Elas se erguem desengonçadas
Elas desabrocham e voam
Elas nunca param
Elas entram no sombrio chão
Elas se reviram
Elas saem e se abrem
Elas rasgam e se rasgam
Elas não sabem,apenas abrem os olhos
Elas se reconhecem pelas batidas
Elas apenas se sentem
Elas latejam e gemem
Até acender a luz!

Deborah MM

Concha

Aquela mistura de água e sal
que muito agride a retina,
mas ela filtra todo o mal
desde quando nasceu menina

Ela guarda um pouco de tudo
ainda seja dor ou alegria
Filtros que não mudarão o mar no fundo
mas trarão luz e magia a sua vida

Estaria ela fechada?
Estaria ela aberta?
Dela nasce tatuada
fruto dos filtros, sua pérola.

DeborahMM

Um real

O que é real?
O real pode ser subjetivo?
Como um lugar ideal
Em que o sujeito encontra abrigo
Cria regras sobre o que é legal
No entanto,a sua memória falha com o antigo
Contando a história marginal
Tudo então está perdido
Como ausência da nota que agora estampa a moeda de um real.

DeborahMM

Ciclo sem fim

O diálogo mudo...
Cochichos e sussurros...
Seria profundo?
Ou vazio o seu mundo?

Ambos podem ser...
Sem surpresas vindas de você...
O esperado é o que se pode ter...
Você está a mercê de você
E não há o que fazer...

A Terra em seu giro elíptico...
Nesse ir e vir de comportamento típico...
E por fim lerá seu veredito...
E comentará como amigo...
" Céus!!! Quanto tempo perdido!!!"
Difícil o ciclo de vício

Será que alguém é bom?
Quem consegue ver? Quem tem esse dom?
Hipoteticamente,seria melhor ouvir o som
Naquele mágico e acolhedor tom
De vermelho amor nos beijos na bochecha com batom

Deborah MM

Você me deu...

Você me deu aquele sorriso quando eu nada entendia
Você me deu incontáveis noites de histórias
Você me deu comida do seu prato enquanto comia
Você me deu aqueles abraços nas noites de pesadelos
Você me deu a solução para o xixi na cama
Você me deu a primeira noção de dinheiro da minha vida
Você me deu o melhor ovo queimado do mundo
Você me deu o seu  maior sorriso quando andei de bicicleta sem rodinhas
Você me deu respostas para as mil perguntas que uma criança pode fazer
Você me deu braços abertos a cada reencontro
Você me deu uma bola amarela que é o som do meu coração
Você me deu a inspiração para as poesias
Você me deu grandes ídolos para admirar
Você me deu aquele olhar de orgulho a cada conquista
Você me deu um norte quando estávamos no centro
Você me deu a primeira aula de biologia, no atlas de anatomia
Você me deu o amor pela história, pois ela contava a sua história
Você me deu aquela colher para a gente comer cocada na cozinha
Você me deu as canções da sua vida
Você me deu milhares de beijos de amor
Você me deu o meu melhor amigo, meu eterno companheiro
Você me deu o bom exemplo de sempre ler o manual
Você me deu sempre a verdade do seu olhar sincero e a fala sem "arrudeios"
Você me deu um exemplo do tipo de pessoa que eu gostaria de ser
Você me deu os melhores motivos da vida para sorri
Você me deu as melhores lembranças da minha infância
Você me deu a emoção de lhe ter ao meu lado nas minhas conquistas
Você me deu suas melhores e mais "esculhambadas" piadas
Você me deu aquele sorriso amarelo quando estava errado
Você me deu a certeza de que ninguém é perfeito
Você me deu o seu melhor todos os dias
Você me deu os seus dias
Você me deu o seu tempo
Você me deu o nove de julho de presente
Você me deu o ensinamento da simplicidade
Você me deu o pensamento de poupar sempre
Você me deu aquele cuidado com os meus simples presentes
Você me deu as paredes do seu quarto os meus quadros
Você me deu o ensino mais empírico,lúdico e afetivo do mundo
Você me deu a maior prova de que amor a gente sente
Você me deu tudo e muito mais
Você me deu ... Obrigado papai.

Deborah MM

Rede na varanda

Sob a abóbada celeste,

mais uma momento estático,

vidrada e inerte

revivo em um sorriso apático,

o dia em que vieste,

momento dramático...

Me aninho em um periódico movimento

reunindo esperança,

que me banhe a alma de alento,

no ir e vir da rede na varanda.

Deborah MM

A campainha

Ouço a campainha
sinto o ritmo de saudade
Sobe o cheiro da eterna sensação minha...
Escuto longas amenidades
Dedico o que não tinha
O grito de felicidade...
Silencio a gota que vinha
Um suspiro,um olhar... Que vontade!
Ela nasce e definha...
Essa ausência presente em liberdade
Nos despedimos pela portinha
Assim volto a inércia da eternidade
Em mais uma voltinha
E sem alarde
As batidas pulsantes desejam o som da campainha

DeborahMM

A origem da primeira letra

Entender o caminho, o destino
Um dia se é um menino
todo dia a metamorfose,
eternidade em sua contínua adaptação e posses...
A criança em berço de desabrigo, abraça a dor em si,
matando sua angústia de rir e sorrindo vai dormir
O ciclo se quebra, se dissipam as trevas,
da costela ressurge como Eva,
a origem do sol abrasando Caim e Abel,
vidas em vida narra o céu,
 ideia nova,fonte que brota e percorre no infinito,
de dentro as constelações escrevem filho.

Deborah MM

Dicionário

CONFIANÇA
Pode ser força e segurança
Até mesmo esperança
Pode ser intimidade
ou mesmo credibilidade
Pode ser abuso ou petulância
As palavras eram diretas quando eu era criança
Quanto atrevimento e otimismo...
Com tantas opções fico indeciso...
Será que enlouquecemos as palavras?
Ou nossa língua as deixaram fartas?
Sem respostas, segue o crédito...
Aquele da boa reputação... Eis o mérito
CONFIANÇA

DeborahMM

Desejo de doente

Eu tremo sem me mexer de corpo quente,
essa ausência de você me faz demente
Marteladas em minha mente,
sem cessar infelizmente
Evoco o passado recente,
e assim te busco e quero no presente
Com angústia necessito desse olhar de frente
e só assim não estarei mais doente.

DeborahMM

Meu amor,meu lugar

A Primeira luz do meu dia
O pensamento ao repor as energias
Na saída para o mundo
Na reflexão de um suspiro profundo
Durante toda a labuta
Ao retornar da luta
No polir da pele
O abastecimento que o horário pede
O pouso em chão macio
A vinda de Morfeu em seu abraço tardio
Em tudo que há e que faço você está
Por que tu és o meu amor, o meu lugar.

Deborah MM

Último leito

Eu suportaria embora com dor,
sucumbir languidamente
sentido esse perfume de flor,
desfalecendo entre os teus suspiros,
em uma coreografia embaraçadora de fios,
com membros entrelaçados
e olhos lutando para permanecerem acordados,
o ar quente saindo pelas chaminés
e desesperadamente sugando com loucura e fé,
o som abafado proferido,
que por sutis estalos foi seguido,
ao fim o descanso digno,
no calor e maciez do abrigo
Eis o fim da angustia e torpor
e assim se dá mais uma morte de amor.

Deborah MM

Girassol

É um florescer diferente,

esse abrir de repente,

quando o sol vem quente

e faz girar como pensamento da mente

O amarelo realiza nosso elo,

união remota com Hefesto,

sem ser modesto

Seria este o algoz de mim e de Édipo?

As semelhanças antraem diferenças

Está é uma certeza e não uma crença, 

este vermelho do meu poema,

trata daquele dilema

O laranja deste traje por todos os lados,

diz que o giro é quadrado,

nessa batida de enclausurado,

mas com um lápis alado

Esse é o passeio que não termina,

o giro da sina,

da flor que ama o sol e definha,

ao incendiar pela retina.

Deborah MM

Vida Breve

O doutor manda chamar,
de um por um para entrevistar,
pedindo experiência comprovada
e para chegar na hora marcada

O contratado alegre entende sua função,
passar o dia apertando um botão
e quando o sinal tocar
volte para o seu lugar

Quando o mês acabar,
o valor compatível de mercado você receberá,
sem ser adicionado ou considerado que trabalhando
o relógio está rodando

Cada dia mais rápido,
e quando você vê pálido
a Terra vai girando
o sol está se pondo

E o doutor não viu
E você não percebeu
Que os meninos já cresceram
E as vidas que vocês tinham se perderam

Esse é o preço alto,
viver pelo salário,
que ao invés de libertar,
aprisiona até vivos nos enterrar

Cada dia a mais é um menos
e sem adenos,
a gente se esgota e fica pequeno
e então acabou o tempo.

DeborahMM

O sexo dos anjos

A vigilância delicada,
o acolhimento da alma,
a dedicação de anjo da guarda,
agraciam como uma criança mimada

A pousada silenciosa,
aberta vinte e quatro horas,
a iluminação compartilhada, portanto é nossa!
Eis as garantias da hospedagem senhora.

Como em final de feriado...
Aguardar o retorno almejado
O dia é incerto, aberto no sentido figurado
Tudo e nada estará guardado

Este é o porvir
daquele humano de outrora,
como anjo preferiu viver
e só assim amado ser.

Deborah MM

Infinito

Não importa onde a gente esteja,
perto ou longe...
Meu amor por você será sempre constante...
E ainda que tudo não seja como antes,
hoje eu te amo mais do que ontem...
Te dedico todo o amor que couber em nossas vidas,
no universo,
em todas as galáxias.

Deborah MM

Canção do tempo

No lugar que ninguém mais andou
Aquele vento que você cortou
Nas cartas que a gente trocou

As tuas tão minhas
As minhas tão tuas
E nessa alma que hoje são duas

Aquela música que ainda é nossa
Tudo começou ao som de uma bossa
Em um dia comum como agora

Nesse cenário ecoa
"Não foi à toa!"
Aquela sensação ruim que foi boa

Do alto do esconderijo
Aquele lugar por todos conhecido
E que outro dia foi abrigo

Na trilha de vestígios
Seguimos outros caminhos perdidos
Tentando encontrar olhares amigos

Nessa busca profunda e infinita
Que o corpo desgasta e a alma medita
Essa é a melodia da vida.

DeborahMM

Quiasmo

Seria quimera ou dádiva ?
O estado permanente de refletir
De para sempre ser sem possuir
Que possuir sem nunca ser?
Dizem que tudo ninguém pode ter...
E por muito possuir nada será
Esse é o meio de não existir
Encontrar a fascinação ao equilibrar.

DeborahMM

Viagem no tempo

Com as lentes vidradas vou ao teu encontro
Uma vez mais sentir...
O ar comprimido livre
As lentes focam
Os fios ampliam
E quando a espinha se corta
Percorro as estrelas em um cometa
E me deixo queimar e sucumbir
Minha metamorfose em esponja
Até fechar o ciclo ao som das badaladas
E estranhamente a distância do sol me esvazia
Ainda que tu chovas
E entre noites e dias
As lentes vidradas te encontram na minha poesia.

DeborahMM

Elas

 A luz de mil velas
 Aquela conversa muda
 Lá vem elas!
 Será que isso ajuda?

 Ciganos não vivem em caixas
 Elas também querem fazer caminhada
 Sem datas
 Afinal, não são bonecas para serem guardadas

Elas vem e vão
Como o vento em meio ao calor
Será que um dia me levarão?
Ou eu ficarei aqui com dor?

Será que me queimarão?
Ou eu as queimarei?
Queimamos então!
Juntas ao sol do rei
O dono do verão.

Deborah MM

Eu fui, eu sou , eu serei

Essa criança no colo sou eu
Essa jovem a segurá-la sou eu
Esse corpo da senhora ao lado é meu
Esse corpo que se movimenta é meu
Sou eu, sou eu
É meu, é meu

Eu vejo eu
Tudo ao meu redor é meu
Isso me adoeceu
Já não sabia o que era meu
Nem o que era teu
Não sou eu, não sou eu
Não é meu, não é meu

Encontrei um jeito meu
De ver todos, inclusive eu
Talvez, meu jeito seja diferente do teu
Mas é porque ele é meu
O seu você escolheu
E não eu

Eu só quero o que é meu
E que seja teu o que é teu
O meu eu do espelho espelho meu
Diz que meu novo eu é um velho amigo meu
Que carrega no colo o meu velho eu
E olha para o novo eu ao lado meu.

Deborah MM

Um brinde

Cuidado com as perguntas que fizer
Elas podem ter resposta
Daquele tipo que te surpreende
Sem saber se te deixam contente
ou um pouco mais doente
Eu sei o por quê
E isso não facilita te ver
Um brinde aos erros de quem quis acertar!
Um viva para quem vai continuar
Mais uma dose para me fazer desmaiar
E talvez assim nessa noite possa sonhar.

DeborahMM

As quatro pontas

As quatro pontas de uma fralda,

unidas duas a duas,

fechando para que ninguém abra

e veja no corpo partes nuas

As quatro pontas de um lençol

dobrando pelo avesso,

conferindo sempre no rol

o que fazer depois do começo

As quatro pontas de uma colcha 

puxando até esticar,

sem permitir que se mova

a menina que está a olhar

As quatro pontas de uma corda

que se romperam,

foi realizada a poda

que mudou a história

As quatro pontas de uma linha

olhavam embaraçadas,

através da cortina viam a menina

e isso as tranquilizava

As quatro pontas cardeais 

seguiam seu caminho,

enquanto em paz

ela alterava as pontas  do seu destino.

Deborah MM

Papel

Pegue um um papel!
Olhe bem!
E como quem admira o céu
escute as estrelas dizerem "vem"

Toque com cuidado,
de leve, de mansinho
E como um filho amado
trate com carinho

Atente para o que digo
É valioso este conselho
O tenha como amigo
Ou não irá vê-lo

Se você o machucar
ele será menor,
duro se tornará
enquanto você estará só

Não quebre as pontes
Elas permitem a sua leveza
Sem mentiras ! Não conte!
Cuide do papel! Preserve a natureza!

Se bem você cuidar
ele não irá esquecer
e ao seu lado estará
e com você irá envelhecer.

Deborah MM

Abre Maria!!!

Ela que foi fruto
se tornou chão,
terra de piso bruto
que virou plantação

Abre Maria!
Desocupem a via!
Lá vem Maria!
E suas filhas!

Tantas secas e cheias
de lágrimas e sorrisos,
entre sonhos de sereias
os destinos foram decididos

Abre Maria!
Abre os olhos minha filha!
Chegou o dia!
Elas cresceram querida!

Três fios de uma corda
elas se separam e se unem,
lançando a sua moda
de serem mais fortes quando se fundem

Abre Maria!
Escute a poesia! Atente para a profecia!
Essa é a chave que você quis um dia!
Siga e viva como você queria!

Abre Maria!
Abre a porta da vida!
As meninas crescidas te guardam querida!
Abre Maria!

Deborah MM

Longo prazo

Não é uma escolha fácil...
Decidir o próximo passo...
Escolher ter aquilo que é básico...
Encher pacientemente aquele  vaso...
Devagarinho ... a longo prazo...

DeborahMM

Palhaço

O rosto bem pintado
dia após dia no trabalho,
ele fala e ri
e até faz sorrir

Sempre vestido a caráter
e como se isso protegesse a dura mater,
sempre atrás da maquiagem
seria ele um covarde?

Ele vive o próprio desafio, sem máscara
ao contrário dos que escondem os super poderes em casa,
seu anonimato é a identidade secreta
que vida é esta?

Responda quem for capaz
seria ele mais um simples rapaz?
Afinal, quem é o palhaço?
Ele ou os engravatados?
Pode rir se achar engraçado.

DeborahMM

O que aprendi com você?

Quem diria? Quem poderia imaginar?
Depois de tanto apanhar...
Tu encontrarias prazer em revidar...
Alguém poderá adivinhar?
Que fim tu encontrarás?

Será possível redenção?
Respondam os céus ou a razão...
Em um prato toda a sua reinação..
Em outro prato as suas migalhas para gratidão
Tu pensas que eles se excluirão?

Há uma bola de ferro invisível ...
E por mais que seja impossível...
Ela volta para o lugar previsível...
E de outros lugares é audível...
Uma agonia incrível

Tu não sabes dizer...
Tu preferes esconder...
Tu escolhes bater...
Tu estás a perecer...
É justo ter pena de você?

Eu apanhei...
Eu sofri...
Eu cai...
Eu quase morri...
Eu sobrevivi

Enquanto tu viveste sobre...
Sempre sem ver o amanhã ou hoje...
Olhando para o passado podre...
E nisso a vida houve...
E nada mais coube

Em tantas perguntas... Uma é fácil de ver...
O que aprendi com você?
Sinceramente, não sei dizer
Não foi na escola ou universidade que encontrei você
Não foi minha escolha este intensivo viver
No entanto, agora que consigo perceber
Eu lamento... Lamento por você.

Deborah MM

A parede da sala

Livros e televisão
Lembranças de premiações
Fotos de sorrisos
E a bendita pintura do Domingos
Descansem na sala
E com ela vão para a vala.
Deborah MM

Respirar dói

Essa é a minha busca incansável
Respirar mais uma vez e outra...
Parecendo até insaciável
Ou talvez afoita
Quem dera provar o mel
Ainda que escondida em uma moita
Sentir o gosto que me torne réu
Nesta vida e em todas as outras
Para que possa admirar o céu.

DeborahMM

Enriquecimento do léxico

Será que o dia precisa ser negro ou mesmo escuro?
Ele não poderia ser difícil ou duro?
É, realmente, necessário dizer denegrir?
Porque falar de cor ao invés de agir?
O que dizer do serviço de preto? Ou dá coisa que tá preta?
Que pessoas bestas!
Mercado negro eles falam
Mas se perguntarmos se há brancos eles calam
Começam a querer remediar
Escondendo o quanto podem incomodar
Uma tal de inveja branca... E cor do pecado
Dá vontade de rir, que quase me acabo
Embranquecer virou sinônimo de elogio
Transformam negras em mulatas, moreninhas... Que vazio!
Isso quando não se fala da beleza exótica
Essa merecia até um brinde com vodka
Tradicionalistas dizem ainda "sou tuas negras não"
Concordo! Realmente nunca serão!
Façamos um novo acordo ortográfico
Vamos tirar do vocabulário
Palavras e expressões
Essas que insistem em separar as populações.

DeborahMM 

Quando o David sorri

Sabe aquela cena favorita do filme?
Memória que te deixa firme
Aquele refrão da música na cabeça?
A comida que de tão boa você comeria a mesa?
Emoção em corredeira
Sabe como é essa reação em cadeia?
É preciso só um olhar
As vezes é só imaginar
Aquela alegria, o teu sorriso a brilhar
Eu guardo todos eles ,eu percorro todos eles
E as vezes...
Eles me levam para onde eu quero ficar
No movimento dos teus olhos a fechar
Para o balanço dos teus lábios a sorrir
O abanar dos teus ombros a descer e subir
A tua respiração profunda pelo nariz
É... Não há completude maior que ser feliz

Deborah MM

Droga!

Aquela correnteza de gente,na vulva quente
Droga!
Aquele aroma de atração e desejo permanente
Droga!
O indivíduo crescendo dentro da gente
Droga!

O remédio de matar a fome no peito
Droga!
A cura dos arranhões que a mãe passa com jeito
Droga!
Felicidade,tristeza,dor,medo e tudo que pensamos no leito
Droga!

O ar que me invade e me envelhece
Droga!
O rio vermelho que me fortalece
Droga!
A dependência de comer que ninguém merece
Droga!

Tem um tal de papel que diz " só a partir dos dezoito"
Droga!
Uns médicos dizem que de dez morreram oito
Droga!
Morreram porque foram afoitos? Ou era melhor morrerem comendo biscoitos?
Droga!

Manchetes de morte nos jornais
Droga!
Morreu porque amou demais
Droga!
De tanto trabalhar descansou em paz
Droga!
Chocólatra e doce amigo aqui jaz
Droga!

Será que elas matam ou fazem viver ? Que confusão terrível!
Uma vida sem elas é impossível!
O final dos exageros é previsível!
Droga!

Que pena! Não há nada a fazer!
Cada um escolhe sua droga
Ou ela escolhe você
E mesmo em uma vida com muitas podas
Não se engane, você também se droga
Droga!


Deborah MM

 * Deixando muito claro que não estou incentivando o consumo de drogas de nenhuma natureza, nem condenando. Estou apenas lembrando, que cigarro e chocolate são drogas que atacam órgãos  e matam com o uso desenfreado.Mesmo a promessa de cura dos remédios são mais drogas.




    

Origem

A glória da primeira travessia
A angústia da chegada da pontinha branca
O triunfo do murmúrio rudimentar
O estranhamento na perda da faca alva
O estopim da gota corredeira do semblante
Imprescindível para você e para o seu semelhante

Mesmo que os caminhos sejam sinuosos
Que hajam garras sombrias
Embora que as elocuções  golpeiem
E se afirme a ausência de recursos
E lhe reste apenas os pingos a deslizar 
E mesmo que ao se ver, você não consiga acreditar

Ainda que se escute o som do bastão
Que as lâminas empunhadas sejam compradas
E que o discurso seja amargo
E as cicatrizes sejam permanentes
E a água salgada limpe as dobraduras da derme
Com o reflexo irreconhecível sentido na pele

O início é sempre o começo
E o fim sempre traz um preço

Mas a origem é aquele lugar
Que vão os refugiados
Se convencer
Que apesar das opções e novidades
Algo permanece intacto e único
Você será sempre você no mundo.

Deborah MM