Mão dupla

Na contramão, um caminhão
Dizendo no caminho : Não!
Seguindo a mesma direção
Com emoção e temor
E o soprar do vento em seu torpor
Qual o contrário do amor?

Deborah MM

Voo

Eu deixo os extratos bancários
Eu levo as lembranças do que é diário
Eu deixo as roupas arrumadas
Eu levo as lembranças  renovadas
Eu deixo o celular e as palavras futuras
Eu levo o que disse e ouvi em palavras mudas
Eu deixo as obrigações e títulos
Eu levo os momentos felizes vividos
Eu deixo todo o amor por mim sentido
Eu levo amor, família, paixão e amigo
Eu deixo o que não me serve
Eu levo apenas o que me faz sentir leve
Eu deixo a minha carne vermelha e fria
Eu levo o espírito que talvez volte um dia
Eu deixo... O meu tchau
Eu levo minha história toda até o final
Eu deixo.... Eu levo... Eu vou ... Eu voo.

Deborah MM

O silêncio

A calmaria de poucas ondas quebrando,
a monotonia de corpos espreguiçando,
o caos de cabeça pensando,
a poesia de estar vivendo e amando.

Deborah MM

Musa a Medusa?

Medusa
Seu "medu" a usa
Deusa em duas
Musa e Medusa
Da mesa um Deus U.S.A a Musa
Sua é a Medusa
Sua é a Musa
Ame Medusa
Me ame Musa!

DeborahMM

O

Entre queima e corte, feito mato
Assim foram cinzas pelo pasto
Restaram alguns cacos
No inteiro incompleto, traços
E alguns vazios espaços
Aguardando os novos pedaços
Partes de outros passos
Para caminharem juntos, lado a lado.

Deborah MM

Mudança de currículo

Quando crianças brincávamos juntos,
no entanto,havia uma diferenciação em todo o mundo,
com o arrancar da páginas numeradas,
as curvas se tornavam acentuadas,
um pedaço de picanha no espeto a girar,
enquanto todos querem se aproximar e provar,
me camuflei acuada e tremula,
aprendi a temer desde pequena,
enquanto outros aprendiam português e matemática,
com a sociedade se aprende na prática,
uni vós irmãs , abandonem os abrigos
vamos ovacionar mudanças de currículo.

Deborah MM

...

Quando ...

Se ...

Talvez ...

Agora.

DeborahMM

O surdo

Os trovejantes e constantes sons,
ao longe parecem festejos
Na raiz das badaladas,
Não mais ouço
Este é o início e fim do moço
Surdo de trovoadas
Ouvido absoluto
Em murmúrios, em notas si.

Deborah MM

A Casa

Ela não era engraçada com paredes tortas,
goteiras no teto sem conserto e sem cotas,
um piso frio de cimento,
no seu interior uma lei,um mandamento
se precisar entre,
se quiser visitar fico contente,
ao ir embora marque a volta,
para termos mais uma prosa,
quando bonita eu ficar,
não esquecerei de lhe convidar para comemorar,
mas até lá eu vou sorrir,
sem mentir ,nem fingir,
o que me faz pobre me traz uma riqueza,
estar de braços abertos a toda beleza.

Deborah MM

Brasileirês

Pense num balaio de gato!!!

Oh enxame!

Nessas estradas do Brasil, encontro de tudo

É um povo dando pitaco, os lindeiros em rodinha na calçada

Mamãe me dizia logo nessas horas 

Umborimbora? Beira de calçada é fria!

Que saudade! 

Quando batia a larica...

Ela me fazia um feijão para engrossar os cambitos

Pena que o feijão nunca deu conta...

Quebrado que sou, nunca fui marombado 

Meu exercício de guri era andar de camela

Aquela que chamam magrela, bicicleta até a bodega

Eu era gaiato...

Não podia ter uma olada,brecha,chance de comer din-din

Tem quem chame de geladinho,sacolé e por aí vai...

Hoje eu gosto mesmo é do fuzuê da estrada

Daqui pra alí arrudiando o Brasil

Quando paro um pouco jogo aquele racha,

Tem canto que chama de pelada e tem até uns caras que jogam travinha

A gente aprende assim vendo, ouvindo e indo

E sob o sol e a chuva dura

Macapá, Porto Alegre, Rio Branco e Fortaleza

Hoje estou em Brasília

Quero olhar os dotô falando bonito

Que eu pouco aprendi na escola o português

Mas na estrada todo dia sou professor de brasileirês.

Deborah MM

Lugar sem fim

Quem copia? Quem cria?
Quem fez o molde? Quem fez o primeiro pote?

Será que quem é relevante?

Para que potes e moldes?
Será que o barro queria ser vaso?
Quem criou ou copiou teria um plano?
De confiar e guardar evitando dano
Colocando em potes de moldes o que lembramos

Há quem prefira carregar consigo...
Sem barro, moldes e potes
Em um lugar original e antigo
Nas lembranças, recanto do infinito.

DeborahMM

Quando eu...

Quando eu era plástico antigo...
Eu queria sempre possuir diversos formatos
Quando eu fui vidro fundido...
Me despedacei,muitos pedaços abandonados
Quando eu fui pó em cantos perdidos...
Uni o chão,o pó e o ar para assim ficarmos bem guardados
Quando eu fui pedra fortalecendo o abrigo
Mudaram meus hábitos e cuidados
Quando eu me vi como diamante rico
Me entendi paupérrimo... Eu diamante assassinei o plástico.

Deborah MM

Adversativa

Tu apareces furtiva,
com aquele olhar de amiga
Por dentro eu até sabia,
mas tardei em entender um dia
Sina incoerente e maldita,
brilhar e berrar perdida
Como uma criança deprimida,
que tudo tem e tudo despreza mordida
Sejamos racionais e objetivas,
suas vontades são adversativas.

DeborahMM