quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Pedido

Eu tenho um pedido
Eu quero um dia tranquilo
Um dia sem novidades
Troco tudo pela normalidade
De um único dia morno
Como o banho com água que foi para o fogo

Eu quero a ausência do clímax
Sem classificações e síntese
Talvez seja demais
Enquanto isso a gente faz
E de sol a sol
Os dias nos reduzem a pó

E quando o fim chegar
Nada vai adiantar
Tudo vai ficar
E quem quiser vai cuidar
Enquanto quem fez vai só olhar
E rir, pois vai entender que tudo vai acabar.

Deborah MM

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

No fundo

No fundo do dicionário
Há um narrador imaginário
Que me conta os significados
E como usá-los

No fundo de cada palavra
Encontro o que a muito procurava
E na semântica da gramática
Respondo como se fosse mágica

No fundo achei um falso cognato
Que me lembrou de um fato
Não existe palavra certa ou errada
Há palavra mal usada

No fundo da página vi os hormônios
Próximos dos homônimos
Eles podem até ser antônimos
Só quero não confundir com sinônimos

No fundo da descrição
Encontro a razão da confusão
Culpa é diferente de gratidão
Ou você acha que não?

Deborah MM





terça-feira, 21 de novembro de 2017

A epifania do tolo

O tolo que há em mim,
prefere a ignorância pura
Do que presenciar o fim
da sua homérica procura

Qual é o erro de render-se a insensatez? 
E porque me apelidam de tolo?
Eu escolho não ter lucidez 
E viver como eu , um bobo

Apenas um tolo permite-se,
enganar-se de qualquer jeito
E sem que ninguém duvide,
surpreender-se de si mesmo

Nos devaneios solitários,
o tolo se abastece de suposições
Seria o tolo um otário?
Ou mais um ser com ilusões?

Entre o peso da pena 
e a leveza da bola de aço
A trama segue a lenda
do bobo que não é palhaço

Porque então confiar?
Não há inteligência em esperar!
Ao fim o tolo continua a vagar
Ir e vir sem sair do lugar

Das questões inacabadas,
as garantias conquistadas
O tolo abraça sua obsessão velada
e segue olhando todos como quem não sabe de nada

Afinal, bobo quem é? 
Se não alguém que tudo vê
Ou talvez quem muito tem fé
Tolo pode ser

Deborah MM



segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Contos de fantasia e contos de realidade



Era uma vez...
É assim que começa? Digam vocês!
Mas sem contar um, dois, três...
Acaba o mês
E a realidade grita: O que você fez?

É curioso demais...
O que se imagina não é o que se faz!
Talvez por isso seja difícil viver em paz
Os contos ensinam a gente sempre ser a mais
Na realidade, esse a mais leva todos para o aqui jaz

Está o conto errado?
Ou será a realidade um fardo?
Para que então realizar o ato?
Fazer e fazer contos sem um fato

Onde está o pó de pirilim-pimpim?
Porque no real custa uma semana para curar o atchim?
Não tem jeito de ir logo para o fim?
Como será que os sonhos se realizam enfim?
Ou no real não há fantasia nem para você, nem para mim?

No real só se imagina um tal de futuro
Ele é tipo pedra, bem duro!
As vezes nele as pessoas ficam em apuros
Difícil viver com esse muro...
Nos contos a fantasia vive o presente em um minuto
E no mundo, se vive a vida com o escudo da fantasia do futuro

Será que a gente pode, simplesmente, acordar?
Escolher abrir os olhos e caminhar
Sem se importar com onde vai morar
Pois no real ou na fantasia é possível ter um lar
É só  escolher em que ponto da história você prefere ficar.

Deborah MM
 

sábado, 18 de novembro de 2017

Estrada

O carro segue a estrada
De um tempo que virou nada
Irônico pensar
Que dependendo do local do olhar
Alguém está sempre indo embora
E alguém sempre voltando agora.

Deborah MM

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Técnico

Todo dia na loja
alguém sempre entra pela porta...
Eles vem e vão embora
Deixando algo para ser consertado agora

As vezes é rapidinho,
outras vezes demora mais um pouquinho...
Há dias que o conserto é com carinho
e outros em que eu  queria mesmo era um copo de vinho

Tem tantos que assim como eu
Seguem consertando algo que morreu,
as vezes eu encontro algo que se perdeu
e devolvo ao dono aquilo que não é meu

Com o tempo disse para mim
"Os técnicos impedem o fim"
Mascaram o desgaste de dentro do seu camarim
e consertam mesmo que lhes custe um rim.

Deborah MM







domingo, 12 de novembro de 2017

Bubu,Lili,Lygia

O êxtase do primeiro sorriso,
se tornou até vício
É como um pedido impossível,
vê-la chorar sensível

A primeira discussão
Como poderia não prestar atenção?
E tão cheia de razão
Ela argumentava contra o não

As primeiras vitórias,
recheadas de glória
Banhada de suor
levantando a voz como quem diz "Óh"

Hoje atravessando o mar dos outros,
ela se encontra com o melhor de todos
E ao som das ovações
ela deposita suas emoções

E em um canto qualquer,
de um lugar que ninguém sabe onde é
alguém registra com fé
a vida da menina que virou mulher.

Deborah MM






Ciranda

Gira,gira,gira...
Dá meia volta Anita!
A roda vira, vira...
Quem é que roda e gira?
Será a roda ou será a vida?

DeborahMM

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Recanto do ar

Existe um lugar,
que não se precisa imaginar,
simplesmente, há
e aqui está.

Nele nada pode me machucar
E tudo que nele está,
segue junto a se misturar
como o pássaro e o ar

No recanto do ar
sigo nesse canto a caminhar
sem temer encontrar
perguntas a me cumprimentar

Nada vai faltar,
se você compartilhar
Afinal, essa é a lei do lugar
conhecimento se conquista ao ensinar.

Deborah MM


 


domingo, 5 de novembro de 2017

O começo do fim

E finalmente...
Acabou em mim...
Aquele desejo permanente...
De te ter enfim

Minha busca é serena
Seguindo a melodia...
Com a alma plena
Sob a luz que irradia...

Deborah MM